LINHAS DE ORIENTAÇÃO PARA UMA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA SAUDÁVEL

As linhas não são minhas e foram já publicadas pela Direção Geral de Saúde em Julho de 2015.

Foi na semana passada que, confrontada com as questões de uma aluna que pretende transitar para uma alimentação mais saudável e está preocupada com a nutrição dos filhos em idade escolar, fui encontrar um manual que “proporciona informação importante a ter em conta quando se pretende estabelecer um perfil alimentar vegetariano durante o ciclo de vida pediátrico” e dei com estas “Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável“.

Confesso que o facto de a obra ser da responsabilidade da DGS no âmbito do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável despertou não só o meu interesse como me levou a ter confiança na informação aí apresentada – um informação imparcial e de acordo com evidência científica.

Linhas de Orientação para uma Alimentação Vegetariana Saudável” em conformidade com o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável tem como missão “melhorar o estado nutricional da população, incentivando a disponibilidade física e económica de alimentos constituintes de um padrão alimentar saudável e criar as condições para que a população os valorize, aprecie e consuma, integrando-os nas suas rotinas diárias” e permitir que “os profissionais de saúde possam aceder a informação que lhes permitam ser mais conhecedores e competentes numa área em franca expansão”.

A obra inicia com uma introdução à alimentação vegetariana através de uma perspetiva histórica da opção pela alimentação vegetariana; depois, esclarece quanto às diferenças entre vários tipos de dieta normalmente relacionados com o vegetarianismo e oferece uma visão lúcida dos benefícios do regime e da sua exequibilidade num país como o nosso; por fim, oferece informação importante sobre a adequação nutricional da alimentação
vegetariana, disponibilizando tabelas que podem ser utilizadas por vegetarianos e uma
bibliografia que orienta os interessados em aprofundar o estudo deste regime alimentar.

De uma forma resumida, pode o leitor naquelas “Linhas” tomar consciência de que nas últimas décadas, com o aumento do conhecimento nas ciências da nutrição e do ambiente, tem aumentado a evidência científica a favor da maior presença de produtos de origem vegetal na alimentação. Os estudos indicam que as populações com consumos elevados ou exclusivos de produtos de origem vegetal parecem ter menor probabilidade de contraírem doenças crónicas, como doença cardiovascular, certos tipos de cancro, diabetes e obesidade.
A obra indica também que este modelo de consumo alimentar, como qualquer outro, para que seja considerado nutricionalmente adequado, deve ter em conta a ingestão apropriada e a biodisponibilidade de alguns nutrientes como a proteína, ácidos gordos essenciais, vitamina B12, vitamina D, iodo, ferro, cálcio e zinco, e também o valor energético. É ainda importante considerar a diversidade de alimentos, a redução das quantidades de sal, açúcar e gorduras saturadas e a ingestão adequada de água.
Pode ler-se que “no caso da vitamina B12, dada a inexistência de fontes nutricionais numa dieta vegana, esta deverá ser obtida através de alimentos enriquecidos ou por suplementos alimentares.”
Eu optei por esta forma de estar na vida (porque para mim é muito mais do que um “padrão alimentar”) em 1999 e, passados tantos anos, posso testemunhar algo de que o livro dá conta: apesar deste padrão alimentar ser, de um modo geral, saudável e fácil de adotar, em
particular em países como Portugal, onde existe uma oferta abundante e variada de vegetais ao longo do ano e onde os modos de confeção tradicionais já incluem na sua base vegetais, existe ainda uma grande falta de informação por parte dos profissionais de saúde e educação, associada a muita (des)informação de má qualidade nos formatos online. Espero que a partilha deste manual assim como os demais artigos aqui do blog possam colmatar esses equívocos.

https://lojavegetariana.pt?raf=ref0903164

Quanto à alimentação vegetariana em idade escolar, é também possível encontrar um manual dedicado ao tema na página da DGS dedicada à Alimentação Vegetariana.

O manual Alimentação Vegetariana em Idade Escolar tem por objectivo contribuir para
um correcto planeamento de uma dieta vegetariana para crianças e adolescentes, fazendo referência a que importantes sociedades científicas como a American Academy of Pediatrics, a Canadian Pediatric Society e a Academy of Nutrition and Dietetics ressalvam a dieta vegetariana bem planeada apropriada para indivíduos de todas as idades do ciclo da vida, incluindo o período da gravidez e amamentação, a infância, a idade escolar e a
adolescência.
Com a pretensão de ser um “manual prático” apto a ser usado por educadores e profissionais que lidam com este público, a obra proporciona informação importante a ter em conta quando se pretende estabelecer um perfil alimentar vegetariano durante o ciclo de vida pediátrico, alertando particularmente para os riscos nutricionais a que qualquer plano alimentar mal planeado pode conduzir. Para além de conceitos genéricos sobre a dieta vegetariana e sua classificação, o manual aponta os princípios do padrão alimentar vegetariano, idênticos aos de um regime saudável não vegetariano e que visam estabelecer uma alimentação completa, variada e equilibrada. Nele são descritos aspectos relativos à adequação nutricional da alimentação vegetariana em crianças e adolescentes relativamente aos macro e micronutrientes e se alerta para os nutrientes que implicam um maior risco carencial e que incluem a vitamina B12, a vitamina D, os ácidos-gordos omega-3, o cálcio, o zinco, o ferro e o iodo. T
Desta forma, é o leitor informado de que as dietas vegetarianas correctamente planeadas são assim saudáveis e nutricionalmente adequadas para todas as fases do ciclo da vida pediátrico.
Considero que a divulgação deste manual é urgente para a promoção da alimentação saudável logo desde os primeiros anos de vida visando a melhoria do estado de nutrição e de saúde da população em idade pediátrica, pilar fundamental para um adequado estado de nutrição e de saúde ao longo da idade adulta.

A informação fornecida não só neste manual, mas através da mais diversa bibliografia dispensada no Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável ajuda a pensar uma ementa diária equilibrada.

E para vocês que já subscreveram o meu blog, sublinhar o que defendo sempre: É possível realizar refeições vegetarianas muito diversificadas recorrendo a produtos vegetais nacionais, sazonais e de proximidade (muitos deles enquadrados na nossa tradição mediterrânica e promovendo a agricultura nacional e os seus produtos vegetais de elevadíssima qualidade).

Este é o caminho para relacionar a saúde com a sustentabilidade social e ambiental dos sistemas agrícolas.

Boas refeições com boa saúde em todas as idades!

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