Índia! Não partas sem viveres (n)a Índia!
Se há destino que nos enriquece, que nos confronta, que nos desafia, que nos desconforta, que nos apaixona, que nos encontra é A ÍNDIA!
Sou apaixonada! Lá sinto-me eu: desafio-me e descubro! Viver (n)a Índia é uma aventura a cada movimento ocular, a cada ciclo respiratório e não há oportunidade a distrações – só o foco em flow te permitirá sobreviver ao dia!
De cada vez que surge um filme que me permita reviver e acompanhar o crescimento desse país que está entranhado em mim, não desperdiço essa oportunidade!
Assim, desta vez, para acompanhar as Pipocas Caseiras, trago um filme de Ramin Bahrani (partilho com este iraniano-americano de primeira geração a empatia descomplicada das pessoas que lutam para entender o mundo em constante mudança e o lugar que nele ocupamos). Trata-se de “The White Tiger”, uma adaptação do olhar analítico do escritor indiano Aravind Adiga sobre a subclasse global no romance vencedor do Prémio Booker de 2008.
Assim que carreguei em PLAY começa a tocar uma música que reconheço e que me faz vibrar, o corpo mexe-se impulsivamente, as memórias saltam até à retina. “O Tigre Branco” traz essa energia sombriamente cómica de mãos dadas com a preocupação com a divisão entre os que têm e os que não têm, a injustiça que os primeiros colocam aos últimos, o incidente incitante que está a cada piscar de olhos no quotidiano indiano e que poderia finalmente desencadear uma revolta.
Atenção, “O Tigre Branco” é de uma natureza intencionalmente desconfortável.
“The White Tiger”, quase um ano depois desta vida pandémica que me fez adiar o regresso à competição na Índia, no MTB Himalaya, permitiu-me viajar sem sair do sofã. “O Tigre Branco” não tem verniz. É um filme que entrega uma vida de pobreza (que pode inspirar um momento de radicalização) e a fé garantida.
Balram, o protagonista, endurece-se diante dos nossos olhos entre imprudência imatura, fúria calcificadora e fanfarronice justificada, e essa qualidade multifacetada é a chave para a natureza intencionalmente desconfortável de “The White Tiger”.
Entre analepses, prolepses e resumos, viajamos entre o início de 2000, 2007 e 2010, seguindo Balram Halwai narrar a sua história de vida como parte de um email que envia ao (agora ex-primeiro) primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que está em visita na Índia.
Balram é um empresário gabarolas, mas ele veio do nada: cresceu na cidade rural Laxmangarh, onde a avó ditava cada movimento. Embora Balram fosse bom aluno, a avó tirou-o da escola para trabalhar na “casa de chá” da família, martelando pedaços de carvão. O pai morre de tuberculose. O irmão é forçado a um casamento arranjado.
Todavia, Balram quer sair daquela vida de casta inferior. Quando ouve que o senhorio (estilo “padrinho da vila”), apelidado de “Stork” , procura um segundo motorista para o filho Ashok que voltou da América , Balram decide que essa pessoa será ele.
A decisão coloca Balram num caminho que o próprio descreve como uma combinação mutilada de triunfo e vergonha.
Primeiro, negoceia com a avó o dinheiro para as aulas de condução em troca da maior parte dos ganhos futuros que alcançará como “chauffer”. Contratado, muda-se para o complexo da família Stork, em Delhi, sendo excessivamente respeitoso e totalmente obediente, assumindo mais tarefas e menosprezando-se continuamente para garantir a aprovação da família – limpa tapetes, dorme no chão, massaja o “mestre” óleo e ainda argumenta que só merece uma fração do já pequeno salário que eles lhe pagam. O protagonista mostra-nos que muito dessa inferioridade é inata – resultado de milhares de anos de um sistema de castas rígido (“homens com barrigas grandes e homens com barrigas pequenas”), ampliado por centenas de milhões de pessoas que lutam pelos mesmos empregos de baixa remuneração, amplificado ainda mais pela lacuna entre os pobres da Índia, tanto rurais quanto urbanos, e a riqueza cada vez mais fora de alcance reunida por poucos.
Há muito tempo que Balram está zangado. Contudo, Ashok e a esposa, Pinky, parecem diferentes do resto da família – Ashok quebrou o costume de casta ao casar-se com Pinky; Pinky pergunta a Balram o que ele quer fazer da vida). Contudo, eles são incapazes de entender o quão ofensiva só a sua própria existência é para alguém como Balram e o quão pior aqueles momentos e gestos de gentileza tornam essa disparidade – uma disparidade a que assiti, que respirei, que senti na pele… e de que, ainda que sem intenção, participei.
“O Tigre Branco” enfatiza um certo diálogo que captura o sentido de unidade de Balram com o “não-povo” do mundo (“Acho que podemos concordar que a América é tão ontem … O futuro do mundo está com o homem amarelo e o homem moreno ”, escreve Balram no mail).
A Índia é uma apoteose, um caos organizado (ou uma desordem equilibrada?) e, depois de já por longos períodos ter vivido (n)a Índia, percebo bem que Balram se tenha retirado para o elevador dourado no prédio de Ashok para beliscar a mão a fim de não chorar (porque, no final, todos nós andamos em busca de substituir emoções que não nos servem por outros sentimentos), consigo compreender que Balram tenha enlouquecido com a mendiga na rua – eu também enlouqueci com tanta disparidade, com tantos títulos, com tantos tricky moves… Mas qual reação é genuína? Em que tipo de pessoa Balram se torna, de facto? Em que tipo de pessoa nos tornamos quando vivemos (n)a Índia? talvez, como quem o deseja, numa pessoa melhor (independentemente do azimute).
“(Cor)reto e desvio, pagão e crente, astuto e sincero, tudo ao mesmo tempo”, essa é a fórmula que para o sucesso com que se nos apresenta “O Tigre Branco” – qual lente de olho de peixe que nos devolve um sentido de perspectiva distorcido.
“O Tigre Branco” é uma lição de superação de adversidades.
N’ “O Tigre Branco” reconheci a provocação deliberada e ácida do sucesso.
“The White Tiger ” está disponível na Netflix . 2021 // 16+ // 2 h 5 min // Dramas policiais
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