A realidade do ciclismo feminino luso supera a ficção

E se… Imaginem só: e se o Placard.pt deixasse de patrocinar o Vitória Sport Clube; e se o Benfica visse desaparecer da sua camisola a Emirates; se o Futebol Clube do Porto e o Sporting não pudessem contar mais com a Betano; se a Primeira Liga ficasse órfã da Betclic?

Conseguem imaginar este cenário? Nossa! É impensável! Seria o fim do futebol! Pensaríamos todos que estes patrocinadores estavam loucos, que não tinham visão desportiva, que lhes faltava capacidade de análise do mercado e das oportunidades! Isto seria, na verdade, tão incompreensível quanto intolerável! O povo sairia à rua! Do mais esclarecido “connoisseur” à alma mais incipiente, não haveria quem não se contorcesse. Os buzinões não tardariam a entupir as ruas das cidades! Os cartazes preencheriam as mãos dos adeptos ferrenhos e as vaias embaraçariam os responsáveis!

Ficção? Só em parte! O enredo é o mesmo. Mudam os intervenientes!

Claro está que não falo do futebol! Até para redigir um apelativo lead tive de fazer pesquisa. Dedico-me ao ciclismo, ao ciclismo feminino português em concreto, ora aí está!

2023 superou a ficção! Nesta época tivemos uma superequipa a destacar-se na Taça de Portugal e no Campeonato Nacional! Falamos da equipa que fez a dobradinha, a equipa que se superiorizou com a sua líder nas provas por etapas, assim como naquela que é a prova rainha de “lançamento único”. Falo da equipa “coqueluche”, mediática, apelativa aos ecrãs, de cor de rosa “chocante”, associada à imagem da homóloga masculina que leva um mar de adeptos atrás de si.

Mas o ciclismo é cruel. Nada há de justo ou de previsível nesta modalidade – nem mesmo no que toca a patrocinadores de esquadras vencedoras.

A realidade superou a ficção no dia em que Bruno Pires, Diretor Desportivo da Glassdrive/Chanceplus/Allegro bateu com a porta por falta de condições. No “comunicado” que o mesmo lançou nas redes sociais pode ler-se: “Mais um ciclo que termina. Depois de várias tentativas para encontrar suporte financeiro para continuar e poder melhorar as condições das atletas para 2024 sem sucesso, decidi terminar as minhas funções como Diretor Desportivo da equipa feminina que dirigi durante 2022 e 2023.”

Raios! Isto é insano! Não, não é insano que Bruno, manifestando inviolável respeito pela moldura feminina, dê um murro na mesa! O que é de loucos é que não tenha ele nem a estrutura do clube capacidade atrativa para fidelizar, renovar ou cativar novos mecenas! O desatino está nas mentalidades patriarcas obsoletas desprovidas de capacidade para desenhar futuros equitativos, castradas de desejo de uma sociedade modernizada onde as oportunidades são financiadas pelo mérito, pelo propósito, pelo projeto e não pelo género! É isto sem tirar nem por: o que faz com que, numa mesma casa, o homem e a mulher tenham renda diferente é pura e simplesmente um tacanho preconceito baseado no género!

Atenção: eu não sou nem fui atleta daquela formação. Não se trata aqui de “dores de parto”! O assunto está para lá de qualquer ligação pessoal! A questão que quero tornar evidente e levar a reflexão é: o estado cada vez mais definhado do ciclismo feminino nacional! Quando a equipa campeã não consegue patrocinador para garantir às suas atletas as condições básicas para representá-la, em que situação estarão as outras equipas nacionais?

Não se canse o leitor. Eu respondo: estão onde estavam há 20 anos atrás (se não pior). Continuaremos a ter um ciclismo altamente amador (em que as ciclistas se arriscam todos os dias nos treinos e nas provas POR AMOR); continuaremos a ter ciclistas a pagar para fazerem ciclismo; continuaremos a ter filhas-mães-esposas-professoras-enfermeiras-e-tudo-o-mais subdivididas em papéis e funções; continuaremos a afastar o género feminino do ciclismo; voltaremos aos tempos do ciclismo para homens de barba rija!

A realidade do ciclismo feminino nacional é uma espécie de “O Estranho Caso de Benjamin Button” só que, no nosso caso, a realidade supera a ficção!

Artigo originalmente escrito para a minha colaboração mensal com o Jornal de Guimarães na Coluna Tempo de Jogo relativa a dezembro ’23.

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