Há duas pessoas que eu tenho em grande consideração no ciclismo que pautam a sua ação pela seguinte máxima “Contem comigo para ser parte da solução nunca para agravar o problema”.
Pois bem, pedalando aos ombros destes dois gigantes, pretendo eu ver mais além…
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E vai daí, dei por mim, hoje, a sentir um fervilhar de fermentação de ideias, projetos, possibilidades… Eu sei lá, caríssimos; mas, qui sait, a solução para os grandes problemas do ciclismo feminino nacional!
… nem bom andamento. Quando os ventos sopram mal para lá das nossas fronteiras terrestres, muito mal e porcamente vão as coisas na ocidental praia lusitana.
Hasteada a bandeira em pompa à nova época, 2024 foi apresentado em circunstância coroado com a subida de categoria da Volta a Portugal Feminina. Mas o fado é incontornável e da triste história não se liberta o povo. É este o nosso estandarte que pinta o destino a escassa verde esperança e privilegia o vermelho do sangue dos Portugueses “perdidos na estrada” e da coragem dos que resistem. Haja coragem para mais uma época de ciclismo feminino em condições cada vez mais miseráveis!
E se… Imaginem só: e se o Placard.pt deixasse de patrocinar o Vitória Sport Clube; e se o Benfica visse desaparecer da sua camisola a Emirates; se o Futebol Clube do Porto e o Sporting não pudessem contar mais com a Betano; se a Primeira Liga ficasse órfã da Betclic?
Com o calendário oficial da Federação Portuguesa de Ciclismo a não registar mais qualquer evento de ciclismo feminino de estrada, a época parece ter sido rematada pela terceira edição da Volta a Portugal Feminina Cofidis Jogos Santa Casa da Misericórdia.
E que maneira de pontuar uma época competitiva, premiada por excelentes prestações que assinalaram quer a Taça de Portugal Feminina de Ciclismo de Estrada quer os Campeonatos Nacionais disputados em Mogadouro!
Ela acorda e, ainda a enfrentar os primeiros goles de cafeína matinal, choca com as notícias dos desportivos nacionais. Salta de um para outro, dos mais generalistas às revistas da especialidade. O ecrã do telemóvel difunde, mais vírgula menos vírgula, o mesmo conteúdo: “A Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Ciclismo aprovou o plano de atividade e orçamento para 2023, que ronda os cinco milhões de euros, e os calendários das diversas disciplinas para a próxima temporada.”
Estorcega os lábios. Franze o sobrolho. Despertou-lhe mais a curiosidade do que o americano. Os textos avançam no profissional masculino. Eis que lê algo que a faz saltar da cadeira: “Na próxima temporada a categoria de elite vai ter 71 dias de competição, 54 em 11 provas por etapas e 17 em corridas de um dia (…). A Volta a Portugal para as categorias inferiores tem datas definidas: Volta do Futuro de 1 a 4 de junho, Volta de juniores de 24 a 27 de agosto, Volta de cadetes de 18 a 20 de agosto e Volta feminina de 27 a 30 de julho.” “Categorias inferiores”? “Volta feminina”? Uma explosão de questões enfurecidas assombra-lhe o pensamento.
– Quem é o “pseudoprofissional dos media” que (in)forma assim a opinião pública sobre o ciclismo feminino?