Os “tens-de” de fim de época

Enquanto escrevia o texto, contudo, refletia sobre todo o percurso percorrido desde a primeira prova em 2008 (quando nem atleta federada era) até aos dias de hoje: foi um percurso rápido, aprendizagens que tiveram de se fazer rápidas, sentidas na pele e que me trouxe de um regionalismo tão local até uma internacionalização tão vasta e expressiva. Enquanto escrevia o texto, sublinhava a certeza de que é com trabalho que se cresce mas de que também é preciso sonhar, acreditar no sonho e contagiar outros com as nossas vontades. Penso que seja a forma tão intensa com que acredito no que posso fazer que consigo cativar e trazer para dentro das minhas épocas as melhores pessoas e os melhores eventos.

#morethanarace #astageinyourlife

“Tens de … Tens mesmo que… Tens!” Mas tens o quê? Aquilo que se faz não tem de ser feito por imperativo mas por motivação, responsabilidade, intenção, compromisso! Aquilo que se tem de fazer tem que ter por base algo íntimo, interior, identitário e não pode ser só uma obrigação, uma imposição exterior! E porquê? Pelo simples facto de que, se continuamos a fazer coisas por imposição, todas elas vão carregadas de distanciamento, vão com o toque de quem despachou o assunto e nunca se envolveu com a tarefa cumprida!
Também para mim esta é a altura dos “tens de” que resultam numa série de tarefas de “tenhos-que” cumprir. E é uma lista de “tens de…”! É cá uma lista!
É consensual, prática comum partilhada pelos atletas, fazer um rescaldo da época: um texto em que resumem as experiências vividas, as provas em que participaram, resultados, dilemas, momentos altos e baixos; enfim, um sumário! Mas para quê? A quem interessa esse texto? Ao próprio? Ao leitor? O que vai acrescentar este “post” ao mundo?
Pensei sobre o assunto. Não tinha que o fazer: nada me obriga! Porém, é tradição… O que me indigna é a funcionalidade deste texto até porque “a-minha-época” termina numa altura em que a maioria dos atletas já está a arrancar para a nova época com a competição em provas de ciclocrosse e eu começo agora a ir ao ginásio, a fazer ora umas caminhadas ora uma corridita, a trabalhar a postura, a cumprir os treinos na bicicleta sem preocupações com watts ou batimentos cardíacos. Faz sentido um texto de remate de época?
Todavia, considerei oportuno fechar um ciclo salientando em fotos algumas das participações mais relevantes, apresentando o palmarés das provas realizadas e os resultados conquistados, e, mais do que tudo, em texto, explicando a minha atitude perante a modalidade e a forma como encaro o percurso percorrido e o que está por vir e que serve para demonstrar a minha gratidão para com aqueles que, dentro das suas possibilidades, confiando sem nada esperar em troca (senão a alegria do meu sucesso) me apoiam.
Aquele texto serve precisamente para isso: para respeitar a relação com patrocinadores, amigos e seguidores. Na verdade, não difere muito dos “posts” e das histórias diárias nas redes sociais. A função é simples: respeitar uma relação. Não acredito que venha acrescentar nada mas sem ele o ciclo não estaria completo.
Andei à volta com a concretização da tarefa. Desde que cheguei da última participação, no Brasil, no início do mês, ouvia o “tens de”, “é melhor que faças”, e até nisso aquilo que definimos por “pré-época” ajudou à redação do mesmo. Nesta fase os treinos são menos longos e há uma maior flexibilidade de horários e de exercícios, o que permitiu, entre as aulas de pilates, de cárdio, de funcionalidade e os treinos na bike, ter tempo para construir um tríptico simples, breve, introdução, desenvolvimento e conclusão, que cumprisse o tal costume do meio desportivo de fazer um rescaldo da época.
Enquanto escrevia o texto, contudo, refletia sobre todo o percurso percorrido desde a primeira prova em 2008 (quando nem atleta federada era) até aos dias de hoje: foi um percurso rápido, aprendizagens que tiveram de se fazer rápidas, sentidas na pele e que me trouxe de um regionalismo tão local até uma internacionalização tão vasta e expressiva. Enquanto escrevia o texto, sublinhava a certeza de que é com trabalho que se cresce mas de que também é preciso sonhar, acreditar no sonho e contagiar outros com as nossas vontades. Penso que seja a forma tão intensa com que acredito no que posso fazer que consigo cativar e trazer para dentro das minhas épocas as melhores pessoas e os melhores eventos.
Escrevi o texto com a vontade certa de que, nesta fase, até o tempo para a escrita faz parte da época 2019 em que já estou a trabalhar.

Brasil Ride #morethanarace #astageinyourlife

Obrigada 🙏

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