“(…) num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza em(…)” outubro tem Brasil Ride no sul da Bahia! 🎶
A Costa do Descobrimento foi uma vez mais o palco escolhido para uma das principais provas por etapas de BTT (bicicleta todo o terreno) do mundo – com classificação S1, 1ª categoria, pela UCI (União Ciclista Internacional) -, sendo a maior competição do género das Américas! Razões para a imponência do evento são: o número de etapas (7), os km que se percorrem (600km) e a altimetria acumulada alcançada (13.000 m)! Foram sete dias num cenário perfeito para, mais do que uma prova, viver uma das maiores experiências da minha vida (quer a nível desportivo quer a nível pessoal e profissional)!
Fui a primeira ciclista a cortar a meta na Santa Lúzia, Viana do Castelo, da vence L’Étape Portugal du Tour de France, uma corrida que integra uma digressão sob a tutela de quem organiza a Volta a França.
Com esta vitória qualifiquei-me para representar Portugal em França ao disputar a principal corrida desta série.
Qualquer semelhança com o título da crónica do mês passado não é pura coincidência nem ficção – é só a continuação dos episódios anteriores de uma tradicional saga em que mudam os atores, mas mantêm-se as personagens protagonistas; variam as secundárias, porém os figurantes permanecem! É uma novela portuguesa com certeza!
Recapitulemos as últimas cenas dos episódios anteriores: “Contudo, não é só na estrada que a mesa é farta mas não se deixam lá participar os atletas! Também no BTT podemos ficar de máquina de calcular na mão à espera de uma equação que explique o que escapa à compreensão do “treinador de bancada”. Anunciemos, então, o que vai dar que falar ao longo dos próximos dias e as notícias de fins de semana por vir com os Campeonatos do Mundo das diferentes vertentes do ciclismo! Claro que ainda não está o público inteiramente informado da comitiva nacional. Por isso, é esta uma boa oportunidade para si! Faça as suas apostas: Quem foi? Quem ficou de fora? E, claro, quais as medalhas e quais os campeões?”
Atualizado o leitor, devo questioná-lo: acertou em algum dos palpites?
Se apostou que a seleção de estrada apresentar-se-ia sem qualquer atleta feminina, parabéns! A seleção recaiu, entre nove contemplados, apenas para um género! Você avança uma casa! Se apostou que no seu comunicado aos media a Federação Portuguesa de Ciclismo escudar-se-ia nas “especiais exigências logísticas e orçamentais” de um mundial para, com a possibilidade de participar com três elites e quatro júniores femininas, não convocar qualquer ciclista feminina, parabéns! Você avança mais uma casa! Se apostou que na prova de Contrarrelógio, o campeão nacional ficaria fora do naipe de convocados para representar a nossa seleção nos mundiais de estrada, parabéns! Você avança mais uma casa! Se apostou que, apesar de os resultados dos atletas portugueses permitiram à Federação convocar seis atletas masculinos elites, Portugal apresentar-se-ia com uma Seleção lacunar, parabéns! Você avança mais uma casa, pois foram quatro os eleitos! Se apostou que seria a convocatória de Júniores masculinos a mais íntegra, parabéns! Você avança mais uma casa e habilita-se ao título de “melhor espectador das novelas do ciclismo cá por casa”!
Avancemos para o nível seguinte neste nosso jogo de apostas. Se você apostou que também no btt a hegemonia de género manter-se-ia e Portugal far-se-ia representar marcadamente no masculino, muitos parabéns! Não há dúvidas de que desse lado está um leitor que (re)conhece à distância o argumento das “novelas do ciclismo cá por casa”!
Qual a próxima cena? Será que este capítulo chegou ao fim? Seguir-se-à uma nova temporada? Não perca os próximos episódios, porque “NÓS” também não!