No país em que as carroças andam à frente dos bois

Há um país pautado por uma certa ordenada desordem onde os dias passam e os acontecimentos sucedem-se regrados por leis desgovernadas de ministério.

Esse país causa sensação entre os demais. Desde logo porque há tanto a acontecer às avessas, mas porque de entre todas as singulares tarefas uma salta à vista: as carroças andam à frente dos bois. É um espetáculo não só digno de ser visto, mas, mais ainda, de ser estudado pelas restantes nações. As demais comunidades boquiabertas observam a espetacularidade do cortejo.

Então e os homens? Neste cortejo os homens não são nem perdidos nem achados: à medida que a cena progride, eles e elas deixam-se arrastar pelas bestas cujas mudas vontades se ouvem nas engrenagens das carretas (ora enferrujadas ora desengorduradas)!

 

Não é, pois, de estranhar que neste país, quando veio a lei ameaçar regular a utilização das trotinetas, já esta geringonça havia tomado conta dos territórios. No país em que as carroças andam à frente dos bois, as trotinetas movimentam-se livremente, ocupando faixas e passeios, vias e valetas, praças e pracetas. É vê-los, a eles e a elas, a colocarem-se em cima delas, arautos da sustentabilidade e da micromobilidade, sem qualquer zelo num capacete ou pudor de limites de velocidade ou regra de condução.

E foi o caos! Carroças e trotinetas desenfreadas e desgovernadas assaltaram o país. E só aí se mandou parar o tráfego e a ordem saiu à frente dos veículos movidos a energia auxiliar.

Começaram os borburinhos e rapidamente se espalhou que a razão estava na falta de camas, que os feridos daquela desregulada conduta estavam “a ocupar camas que o Serviço Nacional de Saúde não estava a contar”. Constou-se, inclusive, “que muitos chegam ao hospital alcoolizados.” Outras vozes apontavam o “peso económico e social para o Estado” porque muitos dos envolvidos nos acidentes com caranguejolas elétricas “chegam a estar mais de um mês internados nos hospitais, são submetidos a várias cirurgias e ocupam camas nos cuidados intensivos”.

Seja por isto – ou também por estes cerca de 6.280 feridos envolvidos em acidentes com trotinetes, bicicletas e skates transportados pelo INEM em quatro anos – decidiu-se naquele país que, ao ritmo do verso da canção, “Agora sim, damos a volta a isto!” Tinha chegado a hora de retomar os contratos celebrados com as Câmaras Municipais e reformular a preceito com a urgência de definir e implementar legislação enquadradora, nomeadamente ao nível do Código da Estrada, com regras específicas de utilização, estacionamento, equipamento de segurança… capazes de proteger e defender os direitos e deveres de todas as partes envolvidas.

Veio a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes considerar “obrigatória a utilização dos espaços dedicados ao estacionamento das trotinetas e bicicletas, como as estações virtuais ou ‘hotspots’, bem como requisitos específicos para a condução destes veículos na estrada, designadamente ao nível da idade mínima”; “obrigatório, sempre que circulem nos locais onde é legalmente permitido, o uso de capacete por crianças e jovens com idade até aos 16 anos, tendo como racional ser essa a idade a partir da qual é possível obter habilitação legal para a condução de determinados motociclos”; obrigatório as “empresas detentoras das trotinetes terem seguros, considerando que as empresas que proporcionam este modo suave de mobilidade já têm “autênticas frotas”; obrigatório limite de velocidade de 20km/h.

Os bois olharam as carroças diante de si e, sem qualquer preocupação dianteira ou anterior, esperaram que andassem como sempre andaram – à sua frente!

Artigo originalmente escrito para a minha colaboração mensal com o Jornal de Guimarães na Coluna Tempo de Jogo relativa a fevereiro ’23.

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