Em 2018, a convite da campeã equatoriana, Joana Cordova, participei na prova UCI por etapas S1, Epic Israel. Uma organização profissional, staff e abastecimentos irrepreensíveis, um pelotão maravilhoso composto por centenas de atletas profissionais e amadores e kms e kms de singletracks pela zona da Terra santa, Jerusalém, levaram-me a querer repetir a experiência.
Este ano, entre o pelotão Elite feminino encontrámos nomes bem conhecidos como: Catharine Pendrel, Haley Smith, Sophie Von Berswordt-Wallrabe, Antonia Daubermann, Janika Lõiv, Greete Steinburg, Cindy Montambault, Sandra Walter, Rebecca McConnell e Githa Michiels, entre outras grandes atletas. Eu fiz dupla com a experiente maratonista Italiana Lorenza Menapace!
De ano para ano a organização do Epic Israel faz questão de apresentar aos participantes novos circuitos em diferentes zonas do país. Por isso, pudemos pedalar entre fantásticos monumentos, relíquias arqueológicas – até dentro das paredes do forte da cidade – e vistas sobre o Mediterrâneo de cortar a respiração.
Nesta epição, o primeiro dia de competição arrancou com um Prólogo “Histórico”: histórico por fazer parte dos 4 dias de competição pela primeira vez e “Histórico” porque decorreu na Antiga Cidade de Akko, em zonas com mais de 300 anos, junto a canhões que ali estão desde o assalto de Napoleão a Acre. Todavia, até lá passarmos, atravessamos os planos estradões entre os pomares, e daquela, pela areia da costa do mar Mediterrâneo, voltaríamos à Race Village em Mate Asher. Foi um prólogo de cerca de 23km e 100m de acumulado bem bem rápido e de cortar a respiração em que quase não consegui meter as mãos ao bolso para sacar o gel Final!
Aqui podes ver os melhores momentos do prólogo: https://youtu.be/SS0OltZsmnI
A Etapa 1, denominada de Queen Stage, com os seus 96km e 1700m de desnível positivo total foi, para mim, o maior desafio destes 4 dias de competição devido ao Heat que tivemos de ultrapassar – mas isto é o que faz com que goste e admire tanto as provas por etapas: a sua imprevisibilidade e o poder da natureza! Se vos disser que esta etapa decorreu num belo cenário, não minto mas, como atletas, a darmos o nosso melhor, a querer superar os nossos limites e records pessoais, tudo o que seguiu os 3km iniciais de partida neutralizada foi “Épico”: do plano das plantações de bananeiras para o verdadeiro terreno da Galileia foi um ápice. Só Jesus para saber do calvário! Subidas árduas já de si pelo declive mostraram-se-nos ainda mais exigentes devido às “rolling stones” contínuas naquele solo de pó argiloso vermelho – aqui, a tecnologia da “full suspension” teria sido útil e só aqui lamentei não ter a minha Deed Hotrace ao invés da hardtail Deed Vector Pro. Foi um shake shake permanente, a subir, em plano e a descer, o que me desgastou bastante e me fez, também, apreciar ainda mais os km de fast and funny singletrack que se seguiram. E ainda bem, pois um traiçoeiro asfalto, bem exposto ao Sol, levar-nos-ia a uma contínua e stip climb more. Dentro da vegetação, entre carvalhos e a típica gravilha Israelita, o percurso mantinha-se exigente e só a vista para o Mar Mediterrâneo me animavam por saber que seguíamos em direção à Race Village. Desde o Tour de Timor que não me tinha visto a competir debaixo do HEAT e, como diz o meu amigo Sean, estava “totally fried”! Só mesmo os smoothies gelados que a Lorenza me trouxe, após cruzarmos a linha de chegada, para fazer baixar um pouco a temperatura do corpo e recomeçar, tão rápido quanto possível, a recuperação da desidratação com Watts and Minerals pois ainda nos faltavam cumprir 2 etapas!
A Etapa 1 resumida pela Eurosport: https://youtu.be/W0A9lHT40WA
Tudo o que menos queria ver era o gráfico da etapa 2. Se há uma Queen, tem de haver um King, ora aí está! Ele chegou ao 3º dia de competição com cerca de 93km e 1500m de cumulado. Épico!!! Preveni-me bem com os bolsos cheios das Barritas Próvida para que não faltasse energia. Após a partida neutralizada, seguimos por 25km entre propriedades agrícolas planos planos planos e, desses, toca a subir subir subir, no tradicional terreno Israelita para encontrar o coração de uma pista de XCO, dentro da floresta, em que me senti recompensada pelo esforço do dia anterior devido aos 14km de single track bem divertidos que esta me ofereceu e aos de descida rápida, técnica, mas divertida que lhes seguiram – nada de travar que estas pastilhas ao Brasil Ride têm de chegar!!! Os últimos km deste dia foram bastante complexos e a fazer jus à máxima de que nas (ultra)maratonas temos de reservar energias para a fase final pois não só encontramos uma mistura de pinhais com vinhas e novos terrenos propícios à exploração moderna de oliveiras, como pedalamos em caminhos antigos, com mais de 200 anos, que guiam a 2km de subida cuja parte final tivemos de caminhar para novamente encontrar divertidos singletracks até aos mesmos km iniciais planos que nos levaram de regresso à Race Village! Se 27min antes da partida, às 6h23’ da manhã, quando, sentindo-me bastante mal, ainda estava deitada na cama em pijama e, juntamente com a Lorenza, ponderava não iniciar a etapa, me dissessem que ia realizar com tal sucesso aqueles 93km, assumiria que só fazendo algo Épico! And we did it: me, together with my faithful teammate, we did it!
Vídeo como resumo da Etapa 2: https://youtu.be/zBzfbZcqcrM
Sem darmos conta, aquilo que há 48h atrás parecia impossível estava agora prestes a acontecer: a 3ª e última etapa do Epic Israel. Agora, era só cabeça, um pouco mais de sorte e, correndo tudo bem, conquistaríamos a medalha de Finisher e, sobretudo, um lugar no top 10 das mais fortes mulheres do Cross Country Olímpico a nível mundial! Então, tivemos a Queen, o King e, claro está, como nesta prova não se deixa a palavra “Epic” por créditos alheios, o último dia é também da Realeza com, nada mais nada menos (para terminar em grande) do que, 73km e 900m de acumulado positivo. Ou seja, adivinhava-se uma etapa simultaneamente dura e rápida e em que o pelotão mostraria todas as suas “ganas” de bater records. Para este dia elegi Energy e Protein da Shine para juntar à habitual nutrição. Já não era sem tempo e foi no último dia que, finalmente me senti bem, me senti eu em prova – “Ora bolas! Logo agora que lhe estava a achar piada, é que isto termina?!”. O tipo de terreno é bem propício a furos e rasgos nos pneus e eu dei-me por afortunada por não ter de pôr em uso as mousses Elementar Cycles. Assim sendo, coloco o meu melhor sorriso e tentamos apanhar tudo o que é TGV e que nos dá um bilhete rápido para sair dos kms planos entre as plantações de abacates e de bananas para escalar a bela costa e conquistar uma indescritível vista sob o Mar Mediterrâneo – vale a pena fazer o Epic Israel só para viver este momento. Aleluia! Aleluia! Com alegria contagiante e permanente durante toda a etapa, do asfalto seguimos para um carrocel de km de singletracks fluídos – up and down, curva e contra curva, pequenos saltos, fast, fast, fast and funny, mudanças constantes de velocidade (felizmente o meu Shimano XTR está à altura de tais exigências)! Que satisfação para os corredores!!!
Foi excitante! Foi histórico! Foi dramático! Vivido, sentido, marcado na pele! Foi: ÉPICO, Migdal Epic Israel.
Eurosport apresenta os melhores momentos da Etapa 3: https://youtu.be/EOp1nuBAdmw
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Grande Ilda Pereira
Sempre a dar o seu mais que melhor.
Bons Resultados são a recompensa.
Sempre torcendo por ti…
Obrigada! Beijinhos