“Impossível é apenas uma palavra usada pelos fracos que acham mais fácil viver no mundo que lhes foi determinado do que explorar o poder que possuem para mudá-lo.” (Muhammad Ali)
Antes que termine Janeiro eu queria escrever sobre o “Veganuary” (do tipo “Vegjaneiro”). Aquele que é agora um “movimento mundial” tem a sua base numa instituição de caridade que inspira pessoas para experimentar o vegetarianismo em Janeiro e durante “o ano inteiro”.
E porquê? Razões pessoais, motivos coletivos, o futuro, fazem com que seja Necessário experimentar e praticar!
Em 1999, quando adotei uma alimentação “sem cadáveres”, fi-lo por questões de saúde. Esse é um dos motivos que leva muitas pessoas a aderir ao Veganuary : uma vida mais saudável e feliz! Eu tinha problemas de saúde específicos associados ao consumo de carne, em particular, e para os combater achei que a medicação não era a solução nem mais lógica nem mais eficaz; achei que o racional seria eliminar a causa do problema e não “remediá-lo” com químicos / drogas. O processo, de 1999 até hoje, implicou muita pesquisa bibliográfica, aconselhamento profissional e experimentação para uma dieta bem planeada que sustente a vida saudável e boa performance desportiva.
“A comida importa” porque eu penso na alimentação enquanto “nutrição” e «Pensar sobre a sua nutrição é uma coisa boa». Não se deixe manipular pela “educação em série e pré-formatada”, pelos meios de comunicação (financiados por lóbis) e por “equívocos públicos e culturais”. Aliás, um site como o veganuary.com disponibiliza informação e apoio especializado para quem quer mudar os seus hábitos e ter uma dieta amiga!
Nestes anos em busca de uma “nutrição mais eficaz”, aquilo que começou por ser uma preocupação “egoísta” (no sentido em que estava preocupada comigo, com a minha saúde) passou a ser um “ativismo” (no sentido em que me tornei consciente da responsabilidade que tenho pelo melhor destino da humanidade no planeta); percebi que a carne não é “senhora à mesa” e que há uma variedade de alimentos que não só garante as necessidades nutricionais mas que são especial e realmente saborosos, que permitem experiências do paladar tão únicas, viagens com aromas a outros sabores de países que não sei se chegarei a visitar de outra forma!
Depois do umbigo, durante este caminho de leituras e de busca de informação para conhecimento, (re)descobri a compaixão para com todos os animais, humanos e não humanos. Digo (re)descobri pois foi como se lhes tirasse o véu do “é normal comê-los” com que taparam a crueldade animal quando era criança. Quem é que na infância não abraçava um gato da mesma forma que a um pintainho? Qual é a criança que vai escolher comer o coelho em vez da maçã? Mas, depois, como adultos, “adulteram” e “mentem”.
Picasso disse que “Toda criança é um artista. O problema é o como manter-se artista depois de crescido.” Eu digo:
– Toda criança é um defensor dos animais. O problema é o como manter-se assim depois de crescido. Todos nós (animais) somos seres conscientes: sentimos emoções, podemos sofrer e a vida é um direito inalienável. Porém, só nós humanos temos a capacidade de nos expressarmos e lutarmos pelos “nossos” direitos. Eu não sou nenhuma fundamentalista nem venho espalhar qualquer religião ou partilho dos adventos duma seita. Eu fiz-me assim pela partilha com os outros, com outras culturas e credos e pela busca de informação. Pudesse eu ter uma vaca e de certo que, quando esta estivesse prenha, quando o leite abundasse para amamentar o bezerro, eu lho agradeceria; pudesse eu ter galinhas, encontrar-lhes a graça, e por certo lhes agradeceria os ovos que não galaram. Mas, por estes dias, quem tem estas bênçãos? Os factos são de que há uma exploração massiva e eu não posso “fechar os olhos” e agir como se de tal não soubesse! Não posso, ainda mais como mulher: é impossível agradecer às mulheres que deram as suas vidas pelos direitos que hoje tenho, como o de votar e de ter uma carreira profissional, sem ter igual atitude para com aqueles que hoje são negligenciados – os animais.
A exploração que decorre da produção em massa de animais é documentada em imagens de dor física, os dentes e as caudas cortadas, os chifres queimados e as marcas nas orelhas, a vida passada numa gaiola, ossos partidos, tetas infetadas, vacas leiteiras a quem retiram à nascença para abater os bezerros (que só dão prejuízo) para que o seu leite possa ser vendido para consumo humano, as ovelhas e os cordeiros balbuciando um pelo outro, etc.
Depois do “egoísmo” da busca de uma alimentação saudável, eu encontrei uma vida salutar, mais justa e mais gentil. E não é esse o tipo de mundo que queremos? Esse mundo é o meu mundo! É o teu mundo! Começa com cada um de nós, em nossas casas, mas tem repercussões na vida de todos! É um legado, uma forma de estar na vida e para com os outros. É uma herança!
Hoje, não sei se pela idade, se pelo contacto com as gerações mais jovens, se pela difusão de movimentos “Go Green” – aliás, não sei se por toda a circunstância -, parece-me que uma alimentação “da terra” é a decisão mais inteligente que se pode tomar para ajudar a proteger o nosso planeta. Há uns tempos, não há muito, todas estas questões da poluição me eram dadas por garantidas como da responsabilidade de terceiros, da indústria, até que percebi que as minhas escolhas têm influência naqueles, que as nossas escolhas têm a força para (re)orientar a oferta de produtos. Sabia que se você optar por uma alimentação vegetariana isso tem um impacto mais positivo no ambiente do que “desistir de seu carro”? Que essa atitude pode reduzir para metade as suas emissões de gases de efeito estufa e salvará animais selvagens da extinção? Pense nisso! Pesquise! Aumente os seus conhecimentos e descubra não só os principais motivos para que as pessoas estejam a adotar o “Veganuary”, “Segundas Sem Carne”, a alimentação sem exploração animal mas descubra, sobretudo, as suas motivações que o levarão a ser mais saudável, mais gentil e a ajudar a salvar nossa terra.
“O impossível não é um fato consumado. É uma opinião. Impossível não é uma afirmação. É um desafio. O impossível é algo potencial. O impossível é algo temporário. Nada é impossível”. (Muhammad Ali)
“Impossível não é uma afirmação. É um desafio”
“O impossível é algo potencial. “