COMUNICADO

O dia menos desejado.

O dia em que não coloco dorsal.

De há cerca de dois anos para cá, o meu corpo começou a emitir sinais que não posso ignorar. Sintomas persistentes levaram-me a procurar respostas; neste momento encontro-me a realizar exames e a ser acompanhada por profissionais de saúde.

A decisão mais sensata — ainda que difícil — é interromper a competição por tempo indeterminado (na expectativa de que o quadro clínico seja reversível).

Estar com alto rendimento tornou-se insuportável com dores desmesuradas.

O meu médico usou uma metáfora que me marcou: “tens um cão raivoso dentro de ti… ele deixa-te andar, mas não o podes atiçar”. Esta imagem traduz bem a luta invisível que estou a viver — estou em movimento, mas com limites rigorosos.

O ciclismo é mais do que uma carreira; é uma paixão que moldou a minha vida; é a metáfora da (minha) vida. Por isso, parar é doloroso, mas necessário.

Este é um tempo de escuta, de respeito pelo corpo e de coragem silenciosa.Agradeço profundamente a todas as pessoas, equipas e instituições que caminham comigo — nos momentos de glória, mas também nos silêncios difíceis.

A vossa empatia, mensagens e apoio fazem a diferença.Voltarei quando (e se) for seguro, com o mesmo amor e entrega que sempre me moveram.

Até lá, sigo a cuidar do essencial.

Com gratidão,

Ilda Pereira

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